Repórter da Globo ataca de chargista e acorda até de madrugada para criar
UOL Esporte
Enquanto a maioria dos repórteres do Globo Esporte ataca os controles de videogame para desanuviar o estresse, Renato Peters saca uma caneta e pega papel. Já veterano na equipe, tendo chegado à redação de São Paulo em 2006, o jornalista reencontrou uma paixão da infância recentemente, voltou a desenhar apenas por diversão e, ao publicar em redes sociais seus desenhos, surpreendeu-se com o alcance a repercussão encontradas.
“A criação é uma coisa meio louca. Às vezes minha mulher até briga comigo, porque saio da cama no meio da noite e começo a desenhar”, ri ele.A brincadeira que pode virar carreira paralela não tem limitações, seja na criatividade quanto na produção. Um dia Peters pode rabiscar sobre as quedas de Vasco e Fluminense, e em outro retratar a violência no Brasil usando o caso da “Monica Parade”. As ideias, por sua vez, surgem ao acaso: durante o trabalho, nas horas de folga ou até no meio da noite.
“Tem vezes que a ideia vem e em 20 minutos dá para terminar uma charge. Em outras, o primeiro desenho não fica bom e é preciso recomeçar. Dá para passar um dia inteiro nela. Inclusive teve uma vez que estava num jogo e rabisquei nos meus papéis de anotação mesmo uma ideia, para passar a limpo em casa. O processo é único para cada uma, baixa o espírito e eu faço.”
‘JORNALISMO LEIFERT’ E COPA-2014
- Peters analisou o atual padrão do jornalismo esportivo, criado quando Tiago Leifert assumiu a direção do Globo Esporte, e comentou que não teve dificuldades com a liberdade dada aos profissionais de criar e ousar.''O Tiago trouxe uma nova linguagem, mudou o jeito de trabalhar e deu mais liberdade para termos outro tom. O Globo Esporte sempre informou levando entretenimento. E uma coisa legal da Globo é de manter as características de cada profissional. Para mim houve pouca mudança, eu sempre tentei colocar um molho mais engraçado, numa palavra, numa forma de trazer a informação.”Sua carreira tem como próximo grande desafio a Copa-2014, sua segunda. “Com certeza é especial sentir o clima de uma Copa, é diferente da brutalidade que temos aqui, com a rivalidade de times. O clima é diferente. Conhecemos nossos problemas e sabemos como as coisas precisarão sair por causa do prazo, mas vamos ver como acontecerá durante a competição.”
A chama do Peters desenhista reacendeu com o nascimento de seu filho. Ele havia parado com o lado artístico depois da faculdade, em que participava da criação de um gibi, e resolveu fazer um quadro para decorar o quarto da criança. Depois disso, não parou mais.
“Lá na TV o povo se desestressa no videogame. Os repórteres vão para o Playstation. Eu vou para o papel e caneta. E um dia postei uma charge de brincadeira no Twitter e o pessoal retuitou. Comecei então a postar mais, sem intenção, e as pessoas gostaram. É aquela força das redes sociais, em que as pessoas dão força, falam, elogiam e criticam”, contou ele, que se inspira no irmão, também um bom desenhista, e nomes ilustres como Chico Caruso, Angeli, Glauco e Pelicano.
Os temas são variados, Peters vê no Brasil um prato cheio para quem gosta de desenhar. Até porque as charges podem servir tanto para retratar situações cotidianas e curiosas quanto para apontar com bom humor os problemas da sociedade.
Ele o fez, por exemplo, para falar de brigas de torcida e até de flanelinhas. A inspiração vem das notícias mais quentes do dia, de cenas vistas na rua ou simplesmente aparecem em sua mente. Hoje ele tem até a facilidade de receber sugestões por quem o segue na internet.
A Globo, afirma Peters, incentiva que os profissionais tenham estas opções distantes do trabalho do dia a dia para os tempos de folga. E o jornalista até sonha alto. “Minha ideia é crescer. Se algum jornal quiser, de repente…”.
Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário