quarta-feira, 24 de julho de 2013

EM PRESIDENTE BERNARDES É PROIBIDO MORRER


Moradores enfrentam a dificuldade de enterrar seus entes por falta de espaço

“É com pesar que anunciamos a morte da... morte!”








Réplica da Igreja Matriz em um dos túmulos do cemitério de Presidente Bernardes. Foto: Luciane Carvalho

Quem dera ter um cantinho para repousar eternamente. Isso é um luxo quase restrito aos que chegaram a mais tempo no cemitério local.
Em Presidente Bernardes, Oeste do Estado de São Paulo, os pobres defuntos estão numa fila de espera, em que é preciso agendar quando é possível ser enterrado. Não existe um sistema de cotas para presunto pobre ou negro que bateu com as botas.
Morrer está quase tão difícil quanto viver. E se morrer, onde sepultar se já não existe um cantinho no atual terreno?
A discussão atormenta os moradores que protestam, dizem que vão abrir valas nos quintais dos administradores, logo ali, naquele sitiozinho ou, quem sabe, no trecho de uma fazenda sem muita atividade. Pensam até em aderir o MST, Morto Sem Terra, para contribuir com a reforma agraria pós vida.
Talvez um cemitério vertical fosse a solução. O problema seria chorar por seu morto com o inconveniente de o vizinho de baixo levar uma lagriminha de tabela.
Ainda há a opção de cremar. Mais higiênico, prático, sem traumas e ambientalmente correto. Entretanto, levanta questões espirituais, financeiros, conveniência política...
O fato é que, independente da forma, os corpos precisam ser respeitados como enquanto estavam vivos para que não seja decretada na cidade a morte da morte.


Cemitério Municipal de Presidente Bernardes, no Centro da cidade

**Presidente Bernardes, a cerca de 20 km de Presidente Prudente, passa pelo problema da falta de espaço para enterrar os mortos no único cemitério municipal, mas a administração há alguns anos estuda outro local para novos sepultamentos, já que o espaço supostamente ocioso fica muito próximo da linha férrea e pertence à ALL, América Latina Logística. A questão, que envolve burocracia legal, ambiental, cartográfica (localização) e financeira, não tem uma previsão de quando será concluída.



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